REILI E DUBALI


MEU FILHO JAGUAR,


SALVE DEUS !


Filho, para que a criatura cumpra, fielmente, os desígnios desta doutrina é indispensável que desenvolva os seus próprios princípios divinos. É preciso que se sacrifiquem em favor do grande número de espíritos que se desviam de Jesus. É preciso, filho, que estejas no luminoso caminho da fé, da caridade e da virtude, do ESPÍRITO DA VERDADE. E, principalmente, filho, aqueles que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência.

Seria feliz se os visse na paz e na compreensão de REILI e DUBALI, dois temíveis valentes mercenários que, na presença de dezenas de homens, se digladiavam, no ódio e no rancor, jurando que se matariam tão logo se encontrassem.

Quis a vontade de Deus que aqueles brutos respeitassem aquele regulamento e, no instante preciso, o regulamento não permitia que dois comandantes ou dois capitães se matassem em frente de sua tropa. Seria covardia se assim procedessem.

E, sem olhar para trás, os dois subiram o CALVÁRIO um sem olhar para o outro. Um subia por um lado o outro subia por outro. Os dois novamente se confrontaram, porém, sem olhar para o outro, pela atenção voltada por um grupo de homens e mulheres que choravam e outros que riam.

Jesus ! Era Jesus de Nazaré, que subia carregando a sua cruz. Os dois brutos, de olhos parados, quando Jesus, descansando com o olhar amargurado,lançou os seus olhos, cheios de ternura, como se dissesse:

_ FILHOS, AMAI-VOS UNS AOS OUTROS !

Dubali, olhando para Reili, deixou cair a sua lança e Reili seguiu o seu gesto. Os dois se abraçaram, vendo que nenhuma dor poderia ser igual. Abraçados, ouviam os chicotes dos soldados de César. Dubali, chegando bem pertinho de Jesus, ofereceu-lhe todo o seu exército para o salvar. Reili fez amesma coisa. Jesus não quis, dizendo que : O SEU REINO NÃO ERA DESTE MUNDO.

Dubali e Reili saíram dali com o coração cheio de dor, porém, não esqueciam daquele olhar de profundo amor e de esperança. Aquele olhar modificara totalmente o curso de suas vidas. Saíram dali e voltaram para junto de suas tropas e, sem dizer uma palavra, deram-se as mãos.

Dubali chegou à sua tropa e, por encanto, todos vieram a seu encontro dizendo:

_ Viu Jesus de Nazaré ?

_ Vimos e sentimos o seu olhar. Estamos cheios de esperança !

O grande exército foi chegando. Ninguém se moveu. Estavam todos extasiados. Reili foi descendo e, num impulso, novamente se abraçaram, agora em frente de suas duas tropas.

Para resumir, filho, os dois se juntaram. Formaram uma grande força. Sim, filho, é como eu vejo o teu impacto ao chegar nesta doutrina.

Sim, filho, os valentes não abandonaram as suas tropas, não desprezaram os seus dependentes. Porém, juntos continuaram no mesmo caminho, porém, se sentindo irmãos. Porque Jesus, em seu olhar, dissera tudo.

Até Galba e Tanoro, que se consideravam inimigos, pela distância que os seus chefes os traziam, ao se reverem, se abraçaram na presença de Reili eDubali !

Sim, filhos, o olhar de Jesus abençoara toda a tribo. Todos emocionados, tinham os olhos rasos de lágrimas. Porém, filhos, não ficaram ali as graças de Jesus! Era suficiente que aqueles dois líderes tivessem em seu coração e em sua mente aquele olhar!

Quarenta dias fazia que os dois fidalgos não sabiam do paradeiro de Jesus de Nazaré. Tinham medo de falar em seu santo nome, tinham medo de falar e perder aquele encanto, aquela luz de esperança, aquela alegria de viver, aquela sublimação tão bela que adquiriram. Não perguntavam um para o outro o que deviam fazer. Sabiam o que era bom para eles: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS !

Os dois viajavam calados, quando Dubali quebrou a sintonia daquele silêncio:

_ Como se sente ?

_ Sim, a esperança do mundo está dentro do meu coração. Sinto desejos pela minha SABARANA.

Sorriam, quando uma carruagem parou:

_ Senhor, pagamos tudo que quiseres, porém, vá salvar o meu filho, minha nora e netos que estão presos nas garras do povo de OZARO ! Vão tomar a nossa pequena dinastia e juntá-la ao povo dele !

Os dois entreolharam-se e partiram para lá. Porém, foi diferente. Procuraram o chefe. Os três dialogaram. Fizeram um ataque, no qual não morreu ninguém. Fugiram dali.

Reili e Dubali repartiram seus honorários e continuaram em suas batalhas. Nunca mais perderam o amor de Jesus de Nazaré. Por fim o desejo de Reiliteve fim. Chegaram à mansão de sua linda Sabarana, porém, quem veio atendê-los foi a bela DORAGANA.

_ Oh, meu querido cunhado! Vimos Jesus! Jesus de Nazaré! Levamos Sabarana, ele, porém, não a curou!

_ Onde está ela ? Perguntou Dubali.

_ Aqui! Chegou a linda Sabarana e, com dificuldade, abraçou Reili, que estava com os olhos cheios de lágrimas, repetindo:

_ Viste Jesus de Nazaré e ele não te curou ?

_ Sim, ele me disse: Pagarás centil por centil !

Dubali colocou a mão sobre a sua boca não a deixando mais falar:

Jesus de Nazaré ! Eu te amo, porque encheste de amor a minha vida. Devolve os olhos a esta mulher que é a vida do meu irmão! Juntos, pagaremos tudo! Centil por centil do que devemos !

Nisto apareceu uma luz e Sabarana voltou a enxergar !

Sim, filho! Eis porque Dubali fez aquela cura. Jesus de Nazaré modificou o seu coração de verdade mesmo. Não sentia revolta por Jesus de Nazaré. O seu amor, a sua confiança era tão grande que ouvia sem vacilar. Então, Jesus ouviu e a curou.

Porque, filho, não ser como Reili e Dubali ? Sentir o seu amor ? É confiar! Jesus de Nazaré não pede nada, não exige nada e, muito menos àqueles dois brutos. E, no entanto, eles o sentiram tão profundamente a ponto de curar o seu amor!

Dubali se apaixonou pela bela Doragana, porém continuaram a sua jornada. Sim, filho! É preciso muita confiança em Cristo Jesus. Sem nada oferecer de ti mesmo, receberás a luz do Santo Evangelho.

Lembra, filho, que o grande ciclo vai fechar. Horas chegarão da tua individualidade. Continues amando em teus encontros sinceros, viva os teus desejos, as tuas paixões, porém em uma só filosofia: Sê honesto contigo mesmo!

Farás, filho, tudo que quiseres na força da cura desobsessiva. Salve Deus, filho! Quantas vezes pensei em vê-los na figura de REILI e DUBALI, porém, filhos, a minha esperança não morre. Quantas vezes morro, também, aos pouquinhos, ouvindo dizerem: Vou deixar a corrente, a minha vida está muito mal. Vou deixar a corrente. Trabalho, trabalho e não tenho nada!

Sofro, ao ver tanta incompreensão. Deixam milhares de sofredores esperando, suas vítimas do passado, e não esperam, nem mesmo, a benção de Deus para serem felizes. No primeiro impacto, deixam de acreditar até mesmo em sua individualidade, sem dar tempo para receberem as pérolas dos anjos e santos espíritos, que são a recompensa do trabalhador.

Cuidado, filho, siga este exemplo.


COM CARINHO, A MÃE EM CRISTO,

Tia Neiva

VALE DO AMANHECER, 23 DE NOVEMBRO DE 1981.

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